Filho com o nome do pai? Passo.

em 19/11/19


Ao longo da minha vida, um familiar disse-me diversas vezes que o meu pai queria muito ter tido um menino e que era uma pena que não tivesse acontecido. Acredito que sim, eu também gostaria de vir a ser mãe de um menino, mas nunca ouvi esta história da boca do meu pai e nunca senti qualquer tipo de ressentimento da sua parte, pelo contrário. Eu e a minha irmã sempre fomos - e continuamos a ser - as meninas do papá e até me comovo com o orgulho com que olha para neta. E por falar em neta, durante a minha gravidez, também houve quem me tentasse consolar por estar à espera de uma menina e quem vaticinasse que não havia problema, porque a seguir viria certamente o menino! Enquanto mulher e enquanto mãe de uma menina, isto choca-me, sobretudo quando estes discursos partem de pessoas esclarecidas. 
Serve este contexto para vos dar algumas pistas sobre os motivos por que eu nunca escolheria o nome do meu marido para um filho, muito menos se esse filho viesse depois da menina. Porque uma menina não é uma sorte menor e essa opção iria fazer com que eu sentisse que estava a exultar a chegada do derradeiro herdeiro. 

22 comentários:

  1. Eu não gosto nem de filhos nem de filhas com os nomes dos pais/mães. Mesmo dos avós também não, só se eventualmente algum já tiver falecido há muitos anos e for uma homenagem nesse sentido. Acho que identifico tanto essas pessoas próximas com os nomes delas, que esses nomes já lhes pertencem, por isso quero que um filho/filha tenha o seu próprio nome original e que também seja só dele/dela.

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  2. Sempre disse que não poria a um filho o nome do pai, da mãe ou dos Avós. Nem nunca pensei por esse lado de menino vs menina, porque é uma questão que nem se coloca, estamos no século XXI e longe vão os tempos do filho varão.
    Sou mãe de uma menina, adoro ser mãe de menina. E se algum dia voltar a engravidar não tenho preferência mas ficaria muito feliz se fosse outra menina. 😉
    E, mais uma vez, não teria o meu nome, nem o do pai, nem dos Avós 😂

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  3. Filipa, ao ler a sua história achei tão idêntica à minha... Sou a mais velha de 3 meninas. O meu pai sempre quis ser pai de um menino (e caso tivesse acontecido teria o nome dele) mas nunca ficou triste/aborrecido revoltado com as três filhas, que teve, bem pelo contrário.
    Eu quando engravidei pela primeira vez ouvia constantemente "dá uma alegria ao teu pai e dá-lhe um neto", "se vier uma menina coitado do teu pai" (...) E não é que tive uma menina? 😂
    Na minha segunda gravidez ainda fui mais "bombardeada" com comentários inapropriados. Aquilo que diziam era só ridículo mas dava-me um certo gozo responder com ironia. Da segunda vez veio o menino e pronto era quase como se fosse o euro milhões. (Se tivesse tido outra menina ficaria igualmente feliz). Mas não pus o nome do avô nem do pai. Detesto essas tradições. O meu marido e o meu sogro têm o mesmo nome e desde que comecei a namorar que ele me dizia que se um dia tivéssemos um filho tinha que ser João. Fiquei em pânico com aquela afirmação mas, pobre coitado, era aquilo que ouvia toda a vida que nem pode pré definir a sua própria ideia de tal forma aquilo estava incutido nele. Nesse mesmo dia, mesmo em pânico a ouvir aquilo mostrei-lhe o meu ponto de vista e a verdade é que os anos passaram e ele mudou de ideias e não quis seguir com essa triste tradição, por isso o nosso filho não tem o nome de nenhum avô. (yupiiii)

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  4. Confesso que preferia ter um rapaz (ainda não sou mãe), mas não tem nada a ver com preferência por nomes masculinos!
    O meu irmão tem o nome do meu pai e toda a gente pensa que foi ele que escolheu. Não podiam estar mais enganados: o meu pai queria um nome diferente! Foi a minha mãe que escolheu, e não aceitou debates XD
    Dito isto, conheço pessoas que já sentiram esta pressão familiar. Algumas cederam, outras não. Pessoalmente... se o nome não me encher as medidas, não quero saber a quantas gerações remonta XD

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  5. E por que não invertir as coisas? Já decidi que se eu tiver um menino vou lhe dar o nome da minha mãe em versão masculina. Ela se chama Daniela e vou pôr Daniel. É uma linda tradição que não precisa ser machista :)

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  6. Concordo inteiramente consigo, dar nomes dos pais é das coisas mais saloias/parolas da cultura portuguesa, é uma mania que além de se paternalista, é profundamente elitista e bem típica da mentalidade tuga.

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    1. Acho que é uma coisa que acontece noutras culturas. Por exemplo, na série Gilmore Girls a mãe chama-se Lorelai e decide dar o mesmo nome à filha como tomada de posição feminista, do género "se os homens estão sempre a dar os nomes aos filhos, eu também posso". Portanto, não é necessário etiquetar esta tendência como "mentalidade tuga".

      Numa nota pessoal e sem querer ofender, não tenho muita paciência para comentários do género "x é das coisas mais [inserir adjetivo pejorativo] da cultura/mentalidade portuguesa", quando muitas vezes nem se está a fazer uma comparação entre países ou um juízo justo. Normalmente esses comentários são só fruto do complexo de inferioridade português.

      (Disclaimer: também sou completamente contra dar o nome dos pais aos filhos, seja da mãe ou do pai.)

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    2. Completamente de acordo, é uma prática comum em vários países, não é de todo exclusiva da sociedade portuguesa!

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    3. O facto de ser prática noutros países, não faz com que deixe de ser criticável em portugal, é sim um aspecto paternalista na cultura portuguesa, assim como o e é noutra qualquer.

      E já agora, criticar algum aspecto da sociedade portuguesa não é "fruto do complexo de inferioridade", complexo de inferioridade é fazer coisas só porque manter o status quo, como estar constantemente a dar os nomes dos pais aos filhos.

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    4. Criticar a sociedade portuguesa e a "mentalidade tuga" com um tom depreciativo e não racional, no estilo de "o português é pequenino" ou "o português é isto e aquilo", é também, de certa forma, um status quo, dada a abundância destes comentários pouco produtivos. Não o/a vejo muito chateado/a com esse status quo.

      Além disso, não acho que a tendência de dar nomes dos pais seja tão prevalente como esse "constantemente" faz parecer. Mais prevalente é dar os nomes mais populares dos tops, naturalmente.

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    5. Peço desculpa pela opinião, mas este é um tipo de comentário que não acrescenta nada à "discussão" saudável que se está a ter e que nem devia ver a luz do dia.
      Em relação a partilha de nome entre pai e filho, não vejo qualquer problema. Se for um nome que se gosta, porque não colocar?
      A personalidade vai muito além dum nome, constroi-se.

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  7. Eu já não gosto de nenhum tipo de repetição de nomes, mesmo sendo o mesmo nome, mas na versão masculina ou feminina...o avô João ter uma neta Joana ou a mãe Carla ter um filho Carlos, nem nada...acho que um nome é a identidade e serve justamente para distinguir a pessoa das demais...então para quê ter o mesmo nome se há tantas opções??? Pode gerar confusões, mal entendidos, etc...
    Quando é obra do acaso, tudo bem...casais (Paulo, Paula), cunhados, etc...daí não tem o que fazer...mas quando se vai escolher o nome... Existem tantos nomes! Acho que acaba ficando monótono e chato!!!

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  8. A minha avo chamava se Clara, derivado da morte prematura dela a minha mae queria que tivesse o nome dela. No entanto o meu pai achava que iria dar um mau karma, entao utilizaram Carla (odeio) como anagrama. Hoje em dia preferia ter me chamado Clara.

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  9. Não acho que dar o nome de familiar aos filhos seja parolo ou coisa só de português, como foi dito nos comentários anteriores. A partir do momento que eu gosto do nome e se assim entender dou o nome do familiar aos filhos. E não é nada confuso ter nomes repetidos na família até porque é isso que acontece na minha, desde à 3 gerações e ainda ninguém se perdeu. Se tivesse agora outro filho tenho toda a certeza que daria o nomes dos avós e não tinha de pensar muito.

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    1. Pode até não se confundir,mas na minha opinião, fica muito monótono e sem graça todos terem o mesmo nome.

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  10. Por cá temos uma história gira com isso. Uma vez comentei com o Pedro que adorava o nome Matias, e ele disse 'olha eu também, até porque é o nome do meu avô'. Eu sempre pensei que o avô dele se chamasse Alexandre porque é o que lhe chamam, mas afinal era apelido :D Quando foi a saga do nome do Matias decidimos chamá-lo assim, não por homenagem mas porque efectivamente gostávamos do nome. Entretanto quando pensámos no segundo nome só nos ocorria José, que por acaso é o nome do meu pai. Então toda a gente vê o nome como uma homenagem ao avô do Pedro e ao meu pai, quando são simplesmente dois nomes que nós adoramos :D

    Entretanto um dos nomes de menina que eu mais gosto é Luísa, que por acaso é o nome da minha avó. Como o Matias tem esta história, acho que de certa forma ela esperava que eu fizesse o mesmo com a Gabi, e ficou ligeiramente desapontada. Mas pronto, claramente toda a gente adora o nome da Gabriela :D

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  11. Também sou completamente contra.

    Os filhos são seres individuais, não uma extensão dos pais. Merecem a própria identidade. Já vão partilhar os apelidos, acho totalmente desnecessário (e egoísta) partilharem também o primeiro nome.

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    1. Desculpe que a contrarie mas, os filhos são mesmo uma extensão dos pais. É, "egoísta" é uma palavra muito feia para ser aplicada neste tema. Os filhos não perdem a sua identidade só por terem nomes de familiares.

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    2. De certa forma são uma extensão, mas também são indivíduo com própria alma e cabeça.

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    3. Concordo totalmente com a Inês. Os filhos não são uma extensão dos pais. Os filhos são educados pelos pais (para além de outros fatores) e podem ser biologicamente descendentes dos pais, mas são pessoas independentes, que mantêm uma relação (ou não!) com os pais. Acho que não se diz tão facilmente que um adulto é uma extensão dos seus pais. Somos mais rápidos a dizer que uma criança é uma extensão porque achamos que a personalidade ainda não está formada, o que é incorreto.

      Quanto a uma pessoa perder ou não identidade por ter o nome de um familiar, é uma questão de opinião. Eu acho que se o nome é de uma pessoa próxima e presente na mitologia familiar, esse ascendente limita de certa forma a liberdade da criança para ser quem quiser, porque as comparações estão mais presentes. Eu não me imagino a dar o meu nome a uma filha.

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  12. Ha já 7 gerações na minha família que a primeira filha tem o mesmo nome (neste momento 4 gerações vivas, desde a minha avó à minha filha). Como é um nome composto, acabamos por todas ter tratamentos diferentes, mas partilhamos este vínculo e eu, pessoalmente, adoro. E, muito sinceramente, não sinto que ninguém perca personalidade por partilhar um nome. A pessoa faz o nome, e nunca o contrário...
    Filipa, continue com o bom trabalho!
    Maria Isabel

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  13. O meu nome masculino favorito de sempre é António, nunca ponderei mais nenhum.
    Calhou a vida juntar-me com um António. Hoje, grávida de um menino, continua a só me fazer sentido o nome António, não por homenagem ao pai da criança, mas por ser o nome que mais gosto e não consigo mesmo escolher outro. O pai não fazia questão de ter um filho com o nome dele, nem sempre existe essa “coisa” de orgulho masculino no filho varão!!!
    Mas será mesmo António, só António, sem diminutivos (corrijo toda a gente que tenta).

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Num blog sobre nomes, vai mesmo optar por ser apenas Anónimo? :)