Percepções...

em 08/03/17


Apesar de ter deixado cair o tema aqui no blog, tenho uma opinião muito vincada sobre a percepção social dos nomes em Portugal. Sei bem que há quem se recuse a aceitar que um nome possa carregar, à partida, uma série de preconceitos, mas infelizmente eu não tenho dúvida nenhuma sobre isso. Se tivesse, todos os dias teria exemplos que me demonstrariam o contrário. Reparem nos comentários deixados na página do Facebook do jornal Público a propósito da notícia intitulada "Cristas conta à Maria porque se chamam todos os seus  filhos Maria" e onde se pode ler que a atual líder do CDS-PP, partido conservador de direita, escolheu colocar Maria nas três filhas e no filho porque é "cristã". A respeito de alguns nomes, que é o que interessa aqui, a adjectivação vai de "beto", "ateu", "super-esquerdo pós-revolução", "nome do povo", "russo comuna", a "novo rico e possidónio", "pimba". 
Dúvida? Nenhuma! 

11 comentários:

  1. Obrigada pelo link, Filipa.

    A minha reacção aos comentários que li foi muito semelhante àquela que tive quando me apercebi das reacções face à ascenção de Santiago. Meu Deus, tanta animosidade... E para quê? Para magoar pessoas? Pais? Filhos?Qualquer que seja a nossa inclinação política, nada justifica atacar assim as escolhas pessoais de alguém que não conhecemos.

    (Acrescento apenas que os comentários que mais me incomodaram foram aqueles que acusam a Dr. Assunção Cristas de ter filhos para que sejam outros a criá-los e que está sempre fora de casa - especialmente vindos de mulheres. A não ser que estejam em posse da agenda da senhora, não têm maneira de saber isso. E já agora, nunca tal acusação foi dirigida aos nossos políticos homens, vá-se lá imaginar porquê...)

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  2. Acha que Enzo é nome de bairro como dizem aqui? http://demaeparamae.pt/forum/dificuldade-escolher-nome-0

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    1. Acho que Enzo, por ser um nome marcadamente estrangeiro, não apelará tanto a pessoas de gosto tradicional. Morem elas onde morarem!

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  3. Os preconceitos são essenciais à nossa vida social... o que não quer dizer que devemos deixar que nos toldem a razão... devemos estar conscientes deles e impedir que nos condicionem as.condutas e a forma como tratamos, neste caso, a pessoa, pois haverá casos em que corresponderá à realidade e outros em que não... o nome, o aspecto, a profissão, tudo tudo tudo é alvo de preconceito... é a minha opinião :)

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  4. Eu nunca tive dúvidas. Eu cresci num bairro "de barracas" na Amadora e não havia Constanças, Caetanas, Rosarinhos, Franciscas, Beneditas, Fredericas, Madalenas, Franciscos, Manueis, Salvadores.... Havia muitas Marias da idade da minha mãe e das minhas avos.
    Havia muitas Vânias (no meu bloco éramos 5), Carinas, Dánielas, Nádias, Tatianas,Soraias, Cátias, Vanessas, Rubéns, Ricardos, Migueis, Ângelos... Era carimbada logo pela morada e pelo nome.
    Às minhas filhas e filhos decidi dar um nome clássico, que não lhes cause embaraço, não lhes corte as pernas, não lhe cause preconceito, que ninguém possa ler e carimbar negativamente de imediato. Sim, porque carimbar de beto não tem o mesmo peso do carimbo de barraqueira, pobre, sopeira, entre outros.

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    1. Esses nomes são datados eram os mais usados em Portugal em bairros ou Não... basta a Vânia ver aqui no blog os tops de anos 80 90...que triste comentário parece ter vergonha de onde cresceu e do nome portanto vergonha de quem é! Pode dar os nomes clássicos aos filhos mas aquilo que você é será sempre e os seus filhos são filhos da Vânia das barracas. Não é bom termos vergonha de quem somos.

      Quando o preconceito vem das próprias pessoas como é que não ha-de vir dos outros?

      O que mais há é Vanias, Jessicas Soraia Daniela Tatianas todas bem sucedidas e resolvidas. A Vânia não me parece infelizmente e nao deve ser pelo nome nem pelo sítio onde viveu mas pelos preconceitos que guardou ao invés de os expulsar de dentro de si e de lutar contra eles.

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    2. Caro anónimo deduziu isso tudo do meu simples comentário? Fantástico! Contudo, não podia estar mais errado. Os nomes que referi são os nomes da realidade do meu bairro que era a que conheci durante a minha infância e adolescência, por isso só posso falar por ela. Não tenho vergonha de onde nasci e cresci apesar de não gostar de lá viver pela droga, roubos, etc. Infelizmente, não era um sitio muito agradável para criar os filhos e os meus pais tiraram-nos de lá.
      Já o meu nome, isso tem razão, não é bem vergonha é não gostar mesmo então o meu composto é péssimo mesmo, digno de cantora pimpa, nada contra as cantoras pimba ;)
      Não me considero uma pessoa preconceituosa, de todo, apenas não quero que os meus filhos passem pelo mesmo que eu, as minhas irmãs e irmãos passamos dado que todos nós temos nomes péssimos e compostos terríveis.
      Sem dúvida que há e eu mesma felizmente estou de bem com a minha vida e muito bem resolvida e feliz. Felicidades para si!

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  5. Sim, isso existe. A pergunta é, devemos levar isso em conta e não usar os nomes mais propícios a isso? Como lidam as mães com filhos com esses nomes?
    Acho que devemos usar o que gostamos e não ligar a isso não acha?
    A Filipa pode dar a sua opinião visto que tem uma filha com um nome que não restam dúvidas é visto como "beto" e "pretensioso" pela maioria das pessoas! Principalmente desde que foi usado pela Carolina Patrocínio. Incomoda-a?
    Acho que podia ter completado este post com a sua experiência.

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    1. Não me incomoda que o nome da minha filha seja visto como "beto" ou elitista. Sabia-o bem antes de o escolher e não me demoveu, ainda que essa adjectivação esteja muito longe da minha realidade. E, apenas por isso, fico triste que me considerem pretensiosa porque escolhi o meu nome preferido para a minha filha! Mas não é nada que me tire o sono :)

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  6. A estupidez, a maledicência e a inveja é que são socialmente transversais, os nomes são o que são, uma forma de não nos tratarmos todos por "pá" ou por "caríssimo". Contra factos não há argumentos! Se um Nelson, um Ruben ou uma Cátia Vanessa forem brilhantes em qualquer área, ninguém vai sequer lembrar-se da conotação onomástica. (Vejam o orgulho nacional no Nelson Évora e na Patrícia Mamona. Ninguém se lembra dos nomes deles, porque são bestiais e pessoas bem formadas, com caras e corpos lindos).Por isso, atribuam os nomes que mais vos aprazem aos vossos rebentos e gastem as vossas energias a ajudá-los a serem excelentes seres humanos e esqueçam as descriminações, porque gente má terá sempre mal a dizer, até dos "anjos"...

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  7. Se alguém conhecer um Fábio criado no Restelo, avise.

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Num blog sobre nomes, vai mesmo optar por ser apenas Anónimo? :)