Sempre me interessei pela origem e evolução das palavras e
este meu gosto pelos nomes surgiu há dois anos, quando comecei a levar o
assunto da etimologia mais a sério e decidi procurar a origem de um nome que na
altura me intrigou. Durante a pesquisa encontrei o blog Nomes e mais Nomes. Só nesse
dia li imensos posts e percebi que, por trás de cada nome próprio, há sempre
uma história para contar. Achei que valia a pena saber essas histórias.
A partir desse dia
o meu interesse foi crescendo, tal como o meu conhecimento. O meu próprio gosto
também evoluiu e hoje já consigo olhar para um nome novo sem franzir a
sobrancelha. Aliás, estou a passar por uma fase – sim, porque isto da
onomástica também tem fases – em que facilmente gosto de um nome com o qual não
estou familiarizada. Saber a origem, a história, o contexto de um nome,
ajuda-me a olhá-lo com outros olhos. Mas claro, como qualquer pessoa, tenho as
minhas quedas. Adoro nomes antigos, e quando digo antigos refiro-me aos que transmitem
essa sensação – porque vendo bem, antigos são quase todos. “Medieval”, por
exemplo, é uma palavrinha simples que para mim faz toda a diferença. Um nome
que encaixe nessa categoria tem o meu carinho para sempre (até mesmo Isidro,
Antão, Clemente, Donato, Floro, Lupo, alguns nomes de santos que descobri no
livro Dicionário de Milagres, de Eça de Queiroz).
Ao olhar para as tendências de hoje em dia, sabendo
também os registos dos anos anteriores, acho que a grande moda é “ressuscitar”
nomes antigos. Alguns já assentaram no gosto português: Matilde, Leonor,
Beatriz, Inês, Margarida, Madalena, Clara, Alice, e no caso masculino Rodrigo,
Martim, Santiago, Tomás, Afonso, Salvador, Lucas, Vicente. Outros começam a
subir nos rankings e a ouvir-se mais, aqui e ali: Luísa, Helena, Júlia, Teresa,
Isabel, Valentina, Noa, Violeta, e para rapaz Xavier, Artur, Jorge, Sebastião,
Joaquim, Valentim, Tomé, Jaime. Apenas alguns exemplos.
Assim, já nem sei se escolher nomes antigos é fugir à
moda ou, pelo contrário, alimentá-la. Mas como a lista de nomes ainda é muito
extensa, sei que há muitos, mas muitos outros com pouquíssimos registos que
podiam estar nestas listas, como acho que um dia – e não teremos de esperar
muito - vai acontecer.
Mas como às vezes as tendências são um pouco
imprevisíveis, escolher um nome que se goste, bonito e que não esteja demasiado
usado, já é uma lufada de ar fresco. Hoje, quando me pedem sugestões, refiro
estes nomes que me parecem encaixar no “estilo” dos que se ouvem – e vão
ouvindo – nos dias que correm:
Femininos
- Amélia
- Aurora
- Cecília
- Clarisse
- Dulce
- Elisa
- Emília
- Flora
- Frederica
- Graça
- Guiomar
- Julieta
- Lúcia
- Olívia
- Rosa
- Valentina
- Violeta
Masculinos
- Álvaro
- Artur
- Benjamim
- César
- Félix
- Gaspar
- Gil
- Inácio
- Jaime
- Joaquim
- Raúl
- Romeu
- Sancho
- Teodoro
- Tomé
- Valentim
- Xavier
Outra sugestão para quem gosta de nomes antigos, é
procurar na própria família os nomes dos avós, dos tios-avós, dos bisavós…
Pessoalmente não seguiria este critério (porque só me cruzo com Urgentina de
Jesus, Encarnação, Genésio, Honorata, Narcisa, Ermelinda…) mas acho muito
interessante quem o faz e é mais uma maneira de escolher o nome. E muitas vezes
descobrem-se preciosidades (tinha uma trisavó Luzia, casada com o meu trisavô
Jaime)!
Maria Pilar
mariapilar.neto@outlook.pt
Antes de mais nada, queria agradecer publicamente à Maria Pilar pela disponibilidade para escrever para o blog! É óptimo poder ler outras perspectivas! Obrigada!
ResponderEliminarUltimamente tenho-me apercebido que talvez me esteja a tornar refém da "origem do nome". Aos meus olhos, a origem histórica valida o nome próprio, mas existem vários nomes inventados por autores que acabaram por se usar recorrentemente sem que ninguém os ponha em causa. Isso faz-me pensar: se um casal tiver criatividade suficiente para "criar" um novo nome que soe bem, e se tiverem possibilidade para o registar, qual é o mal?
Maria Pilar, parabéns pelo texto, compartilho de várias de suas ideias, embora viva em um país totalmente diferente de Portugal.
ResponderEliminarA respeito do comentário, Filipa, sou um pouco exigente quanto à "invenção" de nomes. Visto que um nome próprio tem sua origem, etimologia, história, enfim, uma série de prerrogativas que potencializam ou desabonam a escolha. No entanto, sou totalmente favorável a usar nomes da literatura!
Sou fã de Galadriel (Senhor dos Anéis), Evanora (O mágico de Oz), Tinuviel (Silmarillion), Sansa, Daenerys (Crônicas de Gelo e Fogo) e confesso que ficaria felicíssima em ver um bebê nomeado assim!
Um grande beijo e como sempre, o blog é uma delícia!
Gostei muito do post de hoje 😊
ResponderEliminarEu partilho do mesmo gosto da Maria Pilar pelos nomes medievais. Alguns dos meus nomes preferidos dessa época além de alguns mencionado no post são: Ximena, Branca, Sansão e Gastão.
Também acho muito interessante a história dos nomes e das histórias por trás dos pais que escolhem determinados nomes.
Quanto a inventar um nome, eu nao o faria. Já que gosto de nomes com tradição.
Cá em casa existe um pequeno Gil de 8 anos... é pena que pelo menos aqui seja encarado como diminutivo, perguntam-lhe sempre 'Gil de Gilberto?' ou 'mas qual é o teu nome mesmo?'
ResponderEliminarAcho que nomes antigos são ótimos de 'ressuscitar', mas que se adaptem á época em que estamos. Nomes históricos e originais sim, mas certos nomes que mais parecem mesmo invenções acho que podem ficar no passado...
Gosto muito das suas sugestões... Eu também falo em Elisa, Guiomar, Lúcia ou Artur, Inácio, Elias e Valentim mas as reações não são nada animadoras.
ResponderEliminarQuais as reações que recebe às sugestões?
As sugestões que eu dou são sempre no grupo do facebook, dedicado aos nomes. Por isso, como as pessoas de lá convivem diariamente com nomes menos populares, costumam reagir bem. E muitos destes nomes são adorados lá (e com razão) :)
EliminarDos mencionados gosto de Amélia, Aurora, Emília, Lúcia (ADORO) e Benjamim.
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