Para quem acha que a lei portuguesa relativa ao registo civil é muito rígida, aconselho vivamente a leitura de "O linguista e a fixação da norma", escrito pelo reputado Professor Catedrático Ivo Castro. O texto, que já tem alguns anos, é interessantíssimo na sua totalidade e levanta questões muito pertinentes, mas é no ponto II que podermos encontrar o seguinte excerto, que tomei a liberdade de copiar:
"Para que qualquer indivíduo adquira e usufrua do seu próprio nome é necessário que o Estado explicite, por meio de um processo de registo civil, a sua anuência não só com o nome escolhido, mas também com a forma como esse nome é grafado e pronunciado (... ). Mas o que mais importa não é o processo de registo do nome ser rígido, e sim o facto de ele estar ao serviço de uma normativa linguística que, por comparação com o que se passa em outras sociedades, pode ser classificada de muito apertada.
As interrogações que esse facto imediatamente suscita talvez não devam, todas elas e na sua totalidade, ser respondidas pelos linguistas. São questões como: "Porque não têm os pais total liberdade de dar aos filhos o nome que entenderem, com a forma que lhes apetecer?", "Deve a invenção de nomes novos ser permitida e estimulada?", "Deve a escolha do nome limitar-se ao património onomástico nacional?", "Deve liberalizar-se o uso de nomes estrangeiros?", "Deve permitir-se apenas a adopção de nomes vindos da área lusófona?", e por aí. Não são questões frequentemente colocadas, nem debatidas. O facto de a sociedade aceitar com impressionante unanimidade o regime vigente poderá significar que a normativa dispõe de aprovação geral. Nos últimos cinquenta anos (únicos de que há estatísticas), não houve mais de 4.000 reclamações contra a recusa oficial do nome que os pais queriam atribuir aos filhos."
Qual é a vossa opinião a respeito da existência de proibições? São puristas ou vanguardistas?
Concordo com as proibições, mas não percebo bem quais os critérios. A lista de nomes admitidos e não admitidos suscita-me duvidas quanto a isso.
ResponderEliminarNão percebo como permitem por exemplo o nome Sáli mas não permitem Suri, nomes de pronuncia parecida e fácil, no entanto um é aceite outro não.
E depois há os nomes estrangeiros, uns aceites outros não, como é o caso de Kelly. É de fácil pronuncia em Português, mas Kayla também é e já não é admitido.
Resumindo concordo com as restrições a alguns nomes mas não com o critério usado (que nem percebo muito bem qual é).
Mais do que a admissão de alguns nomes estrangeiros e a rejeição de outros, choca-me que não se possam escolher determinadas palavras que fazem parte do vocabulário português, como Alma, que não é insultuoso para ninguém;
ResponderEliminarchoca-me que não possamos escolher nomes da mitologia; que tenham sido introduzidas novas letras no alfabeto mas que, ao mesmo tempo, sejam quase sempre proibidas em favor das letras mais antigas... Ai...
Concordo com as leis porque acho que servem para preservar a língua portuguesa e proteger crianças inocentes.
ResponderEliminarPorém depois de passar os olhos pela mais recente actualização da Lista, acho sinceramente que eles hoje em dia aceitam qualquer nome, desde que o pedido esteja bem fundamentado e o nome respeite as regras oficiais (tem que ter o género definido, ser escrito de acordo com a ortografia portuguesa, etc, etc.).
Em princípio qualquer nome da mitologia deve ser aceite porque estes fazem parte da cultura portuguesa. Aurora, Diana, e Aquiles são tão legítimos como Hermíone, Freia (Freya/Frejya?), Clio, ou Hórus, digo eu...
As vezes penso na ortografia.Não sou daí,mais acho que não se pode colocar,por exemplo,Luiz Felipe (com z e a letra e)ou Maria Sophia (com o ph).Acho que não tem problema com esse tipo de grafia.E soube que Mel e Jasmim só pode como masculino.Como assim? Mel,apelido para Melissa (e um nome próprio muito bonito).Jasmim é um nome de flor.Como não pode ser para o feminino? São coisas que eu não entendo.
ResponderEliminarSe as palavras são masculinas, não podem ser utilizadas como primeiro nome numa menina - para não gerar confusão relativamente ao sexo da criança. Contudo, nomes masculinos são permitidos como segundo nome em meninas e nomes femininos são permitidos como segundos nomes em meninos (este, menos usual). Assim, temos Maria João (feminino) e João Maria (masculino).
ResponderEliminarA grafia também tem de ser adequada à actual - o ph foi substituído pelo F, portanto, Sofia é admitido, Sophia não. O mesmo com Manoel/Manuel, etc...
O resto, nem eu entendo :D