O tema é sensível mas comecemos pelo básico: para mim, todos os cidadãos têm o mesmo valor, mais ainda os recém-nascidos, que são a coisinha mais semelhante que pode haver. Mas também é verdade que há cidadãos muito mais ricos do que outros. E, infelizmente, há uns que são muito mais pobres do que outros. E nestes dois extremos, há nomes próprios que não tendem a cruzar barreiras. Simplificando muito, isto origina aquilo a que chamam "nomes de ricos" e "nomes de pobres" e, destas duas categorias, é claro que há uma que tem uma carga muito mais negativa, por estar associada à privação. É-me muito mais fácil falar de "nomes betinhos" porque vejo isso apenas como sinal de riqueza, do que falar de nomes de pobres, que se colam a uma série de preconceitos muito mais graves.
Para mim, os expoentes máximos destes nomes que não se cruzam são, no caso das meninas, Carlota e, no caso dos meninos, os clássicos portugueses seguidos de Maria. Manuel Maria, António Maria, Francisco Maria e José Maria, em particular.
Há uns meses, reuni uma série de nomes compostos de crianças admitidas nos jardins de infância do ensino público. Sabem que nome não apareceu? Maria Carlota. Na lista de convocados para o Dia da Defesa, composta por cidadãos nascidos em 1993, existem 49 nomes masculinos seguidos de Maria apenas no concelho de Cascais (84 páginas). No concelho de Gondomar (80 páginas), sabem quantos nomes masculinos seguidos de Maria aparecem? 0. Zero. Nenhum. E quantas Carlotas? Zero. Em Cascais aparecem nove.
Estando perfeitamente consciente desta realidade, prefiro nomes mais neutros, que não me façam pressupor nem uma coisa, nem outra e por isso é que digo tantas vezes que não sou a maior adepta de nomes masculinos compostos com Maria. E também porque, longe de Cascais, numa pequena cidade do norte do país, o pequeno José Maria que estudou comigo e a quem jocosamente chamavam de Mariazinha, teve de enfrentar dias difíceis. Sim, porque o preconceito não se limita à pobreza nem é exclusivo de nenhuma classe social.
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Antes que chovam críticas, não se esqueçam que estudei toda a minha vida em escolas públicas e muito mais próxima de pessoas com "nomes de pobre" do que com "nomes de ricos"; dos meus amigos que tinham escalão A e B, poucos foram os que chegaram à fase das bolsas de estudo e nem sempre foi por falta de bons resultados escolares. A vida não é igual para toda a gente e acreditar nisso é ingenuidade.
Eu também gosto mais de nomes neutros... não gosto de Carlota, nem de nomes masculinos com Maria... são gostos...
ResponderEliminarConcordo com tudo o que a Filipa disse... Aliás acho que a ideia de nomes de ricos existem só mesmo em sitios como Cascais com grande concentração de ricos... da mesma forma que os nomes de pobres tendem a existir nos sítios com maior concentração de pobres...
Mas acho que de qualquer forma referir nomes de pobres é sempre mais dificil, o número de pobres é sempre maior que o de ricos, logo os nomes que se usam mais serão sempre nomes bastantes usados nas classes mais baixas, se me faço entender... Aliás neste momento quase todos pertencemos a classes baixas, embora às vezes possamos acreditar que não, mas isso é outra história...
Na aldeia do meu namorado, as pessoas pobres e ricas fazem vidas muito mais idênticas, é uma vida muito mais em comunidade por assim dizer... e não se sente tanto a diferença no nome das crianças... nem nascem os Afonso Maria, nem as Iara Tatiana... Mas isto daria para muitos estudos...
Like.
ResponderEliminarVou desabafar...
ResponderEliminarEu DETESTO Carlota!
Acho tão feinho .
Em Inglês Charlotte soa melhor, mas Carlota...não sei se é pelo "lota" mas acho terrível, não consigo achar um nome fofo, nem meigo, nem forte.
Passa uma telenovela à noite com a Simone de Oliveira a interpretar o papel de Carlota e eu ainda não consigo encaixar este nome numa senhora idosa muito menos na senhora Simone que tem mesmo cara de Simone! Acho um "fail" terem escolhido aquele nome para a personagem da Simone.
Pronto, Carlota está mesmo no top da minha lista negra!
Quanto a nomes masculinos seguidos de Maria também não gosto, tirando os mais comuns como José Maria, ou João Maria, ainda vá...Mas Bernardo Maria, Salvador Maria, acho muito pipis.
Prefiro nomes neutros.
Acho Carlota um nome feio, uma mistura entre Carla e Bolota, e que não consigo imaginar numa adulta.
ResponderEliminarNão tenho dúvidas que há "nomes de rico" e "nomes de pobre". Alguém imagina uma socialite ou um CEO de uma empresa com um filho chamado Leandro?
Acho que este post adequa-se imenso: http://nomesportugueses.blogspot.pt/2012/02/percepcao-dos-nomes.html
Eu concordo com a Filipa, também tive um colega chamado José Maria e coitado sofreu muito na escola!Eu sou natural de uma pequena cidade no Douro Litoral e por acaso conheço uma menina de 9 anos chamada Carlota que vem de uma família desfavorecida... Eu gosto muito de Carlota mas sei que não e para qualquer gosto :) Já os nomes misturados feminino e masculino não gosto nada
ResponderEliminarEu adoro Carlota, Constança (nomes das minhas filhas) e adoro nomes masculinos com Maria, principalmente José Maria (Meu sobrinho por casamento).
ResponderEliminarA minha lista de preferidos começa logo com os nomes que escrevi anteriormente.
Venho de uma família humilde, e os meus primos e filhos destes é tudo João, Carlos, Filipe, Daniel, Jéssica, Luana, Bianca, Liliana, Soraia, Marisa, Catarina, Tiago, Rodrigo, Fábio, Diogo, Nádia, Vânia e por ai fora.
Quando coloquei Constança e Carlota às minhas filhas e a minha irmã Caetana, Santiago e Sebastião aos meus sobrinhos tivemos a família toda a gozar connosco. Ainda hoje gozam com o nome dos nossos filhos- "É nome de betinhos", "Os miúdos vão ser gozados", "Temos a mania que somos finas", etc.
Há nome “reservados” às classes mais altas e, nomes associados e de uso quase “exclusivo” às classes mais baixas, vulgo Vanessa, Jéssica, Liliana, Carina, Soraia, Diego, Iúri, entre outros.
O preconceito é tanto das classes mais altas como das classes mais baixa mas já começa a haver uma maior aceitação como no caso de Leonor e Matilde que este ano foi demais.
Eu não sou de classe alta mas acho que não tenho que me limitar a nomes comuns e de que não gosto simplesmente porque são nomes de nomes de betinhos, acho que actualmente isso já deixa de fazer sentido.
Beijinhos
Já agora tenho uma colega de trabalho que os filhos gémeos se chamam Afonso e Martim...
ResponderEliminarEssa minha colega mora em Corroios que para quem não sabe é no concelho do Seixal. Então tinha um colega aqui no trabalho que dizia que não tinha jeito nenhum o Afonso e o Martim de Corroios que eles deviam chamar-se Sandro e Ângelo :P
Sónia, essa sua colega tem uma mente muito pequena, desculpe a expressao. Moro em Corroios e conheço Carlotas, Constanças, Mafaldas, Rodrigos (nascidos numa altura em que ainda era chique), Joões Marias todos a viver em Corroios. Claro que também há Sandros, Ângelos e Jéssicas mas há pessoas que acham que por ser da margem sul tem de ser "feio,porco e mau" o que muitas vezes não acontece.
ResponderEliminarrs.. adorei o Carlota que parece bolota... Acho um nome de velhinha :)
ResponderEliminarAqui tá passando uma novela de época 1910 em q um dos personagens é Carlota, irmã da Constância e da Celinha.
Aqui no Brasil não acho tanta diferença entre nomes de pobres e ricos, o sobrenome é q mais enobrece, ou não, o nome da criança.
Concordo com tudo o que a Filipa diz. Também prefiro nomes mais neutros, a mim o estatuto social diz-me pouco. Já tive proximidade em círculos de gente muito rica, de berço, e de novos ricos, mas também com gente muito pobre. Existem padrões de escolhas de nomes, isso não é propriamente geográfico, mas concordo que existem zonas onde vivem pessoas mais ricas e que tendem a escolher "os nomes de rico". A popularidade dos nomes da moda atravessa praticamente a hierarquia toda. Não dá para perceber se a Matilde, a Leonor e a Beatriz são ricas ou pobres. Talvez por isso muitas pessoas escolham estes nomes da moda, que são seguros. Um pouco à semelhança dos nomes que chamamos intemporais. Existem também as pessoas que conscientes da importância de um nome sonante, escolhem para os seus filhos nomes de rico, quem sabe como um passo para ultrapassarem determinadas barreiras.
ResponderEliminarEm relação ao nome Carlota é dos que menos gosto pelo som, e a mim não me parece um nome tradicional português, a terminação -ota parece uma brincadeira com o nome Carla, que francamente é um nome pouco atual e que não me parece de rico.:)
Quando ouço falar no "Dinis Maria ou Francisco Maria" até me arrepio, pode ser de rico, mas é muito piroso!
Por tudo isto, o meu critério para considerar um nome bonito não tem em conta ser predominantemente utilizado por ricos ou por pobres.
O meu nome favorito feminino é Laura e conheço uma menina cigana Laura e uma menina classe alta Laura. Ambas têm um nome bonito! :)
Bem eu vou ser sincera há nomes de rico e de pobre que me incomodam e não os usaria por achar que estão demasiado associados aos pobres e aos ricos.
ResponderEliminarNomes que acho que são de pobre e não usaria
Iara/Yara
Kyara
Ariana
Luana
Leandro
Soraia
Bruna
Sandro
Nomes que acho que são de ricos e não usaria
Carlota
Bernardo
Constança
Benedita
Carminho
Rosarinho
Caetano/a
Francisca
E todos os masculinos seguidos de Maria.
Sónia, concordo. É muito mais fácil ser rotulado de "nome de pobre" do que "nome de rico", já que este lote é bem pequeno. A meu ver, o único nome contemporâneo a conseguir esse estatuto foi, inexplicavelmente, Concha.
ResponderEliminarMary - adorei a escolha de "pipi" para definir o conjunto de nomes mais modernos aos quais se acrescentar Maria. Diria até que é mais fácil encontrar esses nomes na classe média do que os tradicionais betinhos.
Cláudia, não há como negar que a zona do país onde vivemos modifica a nossa percepção das coisas. "Nomes betinhos" na minha infância eram coisa muito, mas muito rara.
Benedita, subscrevo! Era o que mais faltava que tivéssemos de nos cingir aos nomes tipicos da nossa "classe social" mas não me estranha que as pessoas se apercebem das diferenças. É natural que num ambiente de Carlotas, Constanças e Caetanas, uma Nádia pareça deslocada, tal como uma Caetana parecerá, quando rodeada de Vânias e Luanas.
Patrícia, eu acho que no Brasil a diferença se nota mais ao nível da escolha da grafia e dos nomes compostos. Será que as meninas e meninos dos colégios chiques se chamarão Katyeli Briany?
Dora, acho que os nomes betinhos que se popularizam são os que se afastam mais do cristianismo. Maria do Carmo, Maria da Assunção, Maria Mercês não se democratizam nas crianças nascidas hoje em dia...
Luísa, há um ano e meio atrás, eu não veria Ariana como um "nome de pobre". Só passei a ter essa percepção por causa dos comentários deixados por aqui :(
Alexandra, eu também moro na margem sul e adoro :D E tinha uns tios em Corroios, nada de classe pobre, sobretudo no sentido intelectual...
ResponderEliminarMas bem o meu colega que dizia isso, eu sempre entendi que era uma brincadeira... Embora a bem da verdade ele tenha alguma mania por viver em Lisboa, embora viva pior que essa minha colega de Corroios... O ser é diferente do parecer...
Filipa, por incrível q pareça tanto ricos como pobres aqui no Brasil gostam de enfeitar os nomes, ensinei em escolas bem tradicionais, com mensalidades altíssimas e encontrei Sofya, Jullya, Wany.. Filhos de famílias renomadas. E ricos tbm gosta de colocar nomes estrangeiros como segundo nome, coisa q pobre não percebe mto, rs...
ResponderEliminarTipo André Joseph, Gabriel Henrry.
Realmente na minha infância ñ haviam nomes de ricos e de pobres...o k havia e mto eram nomes compostos k ñ se adequavam, em especial nas raparigas. Tb detesto o nome Carlota, e conheço uma de origem bem humilde, tal como conheço Jéssicas de famílias abastadas. Tb ñ gosto do nome Maria em rapazes, como ñ gosto de nomes masculinos em raparigas...
ResponderEliminarPatrícia, tinha mesmo ideia de que esse "embelezamento" era mais evidente nas classes menos favorecidas! Quanto ao segundo nome "estrangeiro", talvez seja evidencie o conhecimento de outros países, língua e cultura...
ResponderEliminarPor acaso também tinha a mesma ideia, Filipa. Especialmente por experiência própria. Conheci muitos estudantes brasileiros na Universidade de Coimbra, que, óbvio, eram filhos de pais com posses para conseguir estudar fora e ainda pagar renda e outras despesas, e não tinham nomes “enfeitados”, roubando a expressão: Isabela, Matheus, Dámaris, Guilherme, Bárbara, Bel, Alessandra, Nadine, Caio, Carolina, …
EliminarNão sabia que Ariana tinha essa conotação como nome de pobre... Aqueles que costumo ouvir são: Vanusa, Lisandra/o, Jaqueline, Kátia (com K), Karina (com K), Iara, Kyara, etc.
ResponderEliminarNomes puramente de rico, concordo com a Filipa, serão os religiosos com o Maria, como Maria do Rosário, Maria da Graça, etc, conheço uma Maria da Paz com uns 17-18 anos e conheci um Pedro de Alcântara e um Nuno de Santa Maria, ambos da casa dos 30 anos.
Discordo da Patrícia. No Brasil, esses "embelezamentos" de nomes, tal qual junção de nomes de pais, é algo típico de classes baixas. É claro que há exceções, especialmente no tocante ao uso de ph e Th ( ex: Sophia e Thiago), pois são empregadas em formas arcaicas de alguns nomes. Não é comum vc encontrar um Vandercleyson ou uma Katherynne abastados. Quanto à utilização de um segundo nome em odioma estrangeiro, desconheço tal prática. Decerto que deve ser observado que o Brasil é muito grande, o que possibilita usos distintos nas diversas regiões. A percepção que tenho é que quanto mais rica a família, menos "enfeitadas" tendem a ser as grafias.
ResponderEliminarO livro Freakonomics tem um capítulo dedicado aos nomes de crianças. Uma das teorias defendidas no livro é que nos EUA vários nomes que pessoas de classe alta dão aos seus filhos costumam massificar-se quando as pessoas dos escalões mais baixos também passam a dar esses nomes aos seus filhos. E quando esses nomes tornam-se muito populares, as classes altas deixam de usar esses nomes e passam a escolher outros que provavelmente no futuro vão também estender-se a toda a população.
ResponderEliminarEsse fenómeno também se verifica em Portugal com vários nomes que outrora eram tidos como sendo nomes betos ou nomes de ricos serem agora comuns a todas as classes sociais.
Dar um nome a um filho é algo mágico, uma protecção muito especial que os pais (antigamente mais os padrinhos) passam a uma criança. Acredito que todos, ricos e pobres, o façam de acordo com os sonhos que têm para os filhos.
ResponderEliminarO que me diz o Martim filho da senhora da caixa do supermercado? Diz-me que a mãe do Martim sonha para ele um futuro em que ele não tenha de trabalhar numa profissão tão mecânica e cansativa, que sonha que o seu filho tenha outro tipo de educação. Diz-me, portanto, que essa mulher pode não partilhar comigo muitas coisas, mas partilha comigo o desejo de que o seu filho tenha um bom futuro.
Os nomes próprios são gratuitos (ao contrário de alguns apelidos sonantes, que têm de ser bem pagos)e são a forma mais fácil de nos afirmarmos socialmente (e até, religiosamente - tive uma professora judia com o filho chamado Daniel para que não fossem acusados de ser demasiado ortodoxos).
Os meus filhos têm nomes betos, pronto. Para mim não são, são nomes normais, nomes de família (e sim, tenho uma Carlota na família directa e tem mais de 20 anos) e os únicos que alguma vez tive escolhidos para eles. Não me interessa saber se Maria nos rapazes é snob, porque assim era o nome do meu avô, com quem espero que o meu filho se pareça muito e de quem tenho extremas saudades. Não quero saber se Mariana ultrapassou a fronteira do beto, porque foi sempre o nome que escolhi para a minha filha e é, para mim, o nome de menina/mulher mais bonito do mundo. Sou católica e gosto que os meus filhos tenham nomes católicos, porque penso que lhes trás uma «estrelinha» extra na vida.
Ou seja, o que dizem de mim os nomes deles? Que desejo que tenham orgulho em quem são, na família a que pertencem e que sintam que todos olham por eles. Que saibam que têm determinado nome por causa da avó preferida do pai ou porque são os quintos na família a usar o mesmo nome (até porque dá jeito com os monogramas). Que tenham um sentimento de pertença e sempre, sempre, um lugar, mesmo que apenas espiritual, a que possam chamar lar, a que possam chamar família. É isso que os nomes dos meus filhos dizem da magia que lhes tentei passar ao nomeá-los e desejo, do fundo do meu coração, que todos os pais desejem o mesmo para todos os meninos do mundo. Portanto, quando vejo, como vi ontem numa reportagem, uma mãe com um menino Rodrigo a andar a apanhar coisas no caixote do lixo, sei que essa mãe pode não ter dinheiro, mas sonha, sonha muito para o seu filho.
J. devo dizer que gostaria muito que a sua visão fosse verdadeira. Mas acho que muitas das pessoas que escolhem estes nomes, não escolhem por ser esse motivo, pelo menos não conscientemente. Embora os pais queiram sempre o futuro melhor para os filhos.
ResponderEliminarComo uma vez a Filipa escreveu, eu acho que quando os meus pais escolheram Sónia foi uma tentativa de corte com o passado, com a pobreza e faltas que passaram na sua infância, um corte com a tradição... Mas não sei se eles tinham consciência disso...
Já agora devido à sua referência ao catolicismo. Lembrei-me de uma coisa, que espero que a J. e a Filipa me ajudem...
É o seguinte, para mim nomes judeus são os do antigo testamento e nomes católicos ligava sempre aos santos ou à assunção, encarnação, etc, de nossa senhora. Mas encontrei um artigo é que o Papa pedia para os pais voltarem a baptizar os filhos com nomes católicos. E os exemplo que ele deu, ligo-os sobretudo ao antigo testamento (bem o meu conhecimento também não é elevado sobre os testamentos). A minha pergunta é quais são os verdadeiros nomes católicos os do antigo e novo testamento (nomeadamente os apóstolos)... ou nomes como Maria do Rosário, Maria de Fátima (que é um nome muçulmano)... Talvez não haja uma resposta certa, mas é uma curiosidade saber o que os católicos acham? Os católicos conscientes como me parece que a J. seja, já que a maioria dos que conheço não tem consciência do que é a religião católica.
J. - a ausência foi muito notada :D
ResponderEliminarEm relação ao post, criei-o apenas para ilustrar que as diferenças de nomes nas diferentes classes são reais e para justificar a minha posição face ao nome Maria no masculino, mas não era, de todo, uma crítica a quem os usa!
Sónia, infelizmente, não estou muito familiarizada com o tema, mas vou tentar aprofundar... Como não-praticante, numa primeira abordagem, estabeleceria uma diferença entre nomes católicos e nomes bíblicos: os católicos, associo-os aos Santos e Santas e aos nomes virtuosos. Os bílbicos, logicamente, são os que estão presentes no Antigo e Novo Testamento.
Mas reforço que não percebo muito disto ;(
A notícia que referi e que já é antiga é esta http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mundo/ft1101201110.htm
ResponderEliminarPois eu percebo o que a Filipa diz também sempre associei mais os nomes católicos aos santos e aos nomes virtuosos (nunca tinha pensado em apelida-los assim). Mas não sei como a igreja encara esta questão.
Sónia, essa é uma questão muito pertinente e que já muitas vezes me assombrou, porque tenho ouvido muitos conhecidos dizerem que escolhem um nome tal e tal porque é tradicional, porque é católico e isso, a mim, dá-me muito que pensar.
ResponderEliminarEm relação à sugestão do Papa, penso que em Itália também se deve estar a assistir a uma renovação em termos de nomeação de crianças, utilizando-se hoje nomes como Kelly ou Brandon, que nada têm a ver com a realidade cultural e religiosa (para o Papa, mais preocupante) do país (NB: Filipa, um dia tem de fazer um post sobre tendências em Itália, uma das minhas melhores amigas é italiana e as diferenças surpreendem). Digamos que o Papa é conservador nos nomes, pois encara a nomeação como uma primeira afirmação da inclusão de uma criança na sua religião.
Para mim (e falo apenas por mim), há uma diferença entre nomes bíblicos e nomes católicos que se prende com o culto mariano, que tem a sua maior expressão no catolicismo.
Não nos podemos esquecer que Jesus era judeu e que partilhamos com os judeus o Antigo Testamento e que, como é evidente, a escolha de determinados exemplos dados pelo Papa não é inocente.
Assim, quando o Papa propõe os nomes dos apóstolos, sabemos que todos tinham nomes judeus. Já Davi, não nos podemos esquecer que a legitimação de Jesus como o Messias vinha exactamente do facto de ser da linhagem do Rei David, rei dos reis de Israel. É um nome que se reveste de um especial significado para os católicos. Se Jesus não fosse da linhagem de Davi, não era o Messias.
O mesmo sucede com Rute, com dois significados extra: Rute era estrangeira, mas antepassada de Jesus através da linhagem de Davi - é um nome carregado de simbolismo numa Igreja que se pretende ecuménica.
Mas reparem que se afasta na sugestão dos nomes mais ortodoxos judaicos, como Abraão, Isaac ou Rebeca (tal como me parece - daquilo que conheço, pois tive uma professora que muito me marcou dessa religião e uma colega minha é judia - que o fazem os judeus, digamos que mais moderados, que escolhem nomes que parecem mais «normais» como Daniel ou Joana).
É que a questão é mesmo esta: aparte dos nomes que transmitem especial devoção mariana (nomes masculinos com Maria, nomes derivados de Maria e o próprio Maria), todos os outros nomes bíblicos são comuns às duas religiões. Joana não é um nome que ocorra a muitos como sendo judeu, mas é-o tanto quanto João ou Miguel. Daí que falar em nomes antigos, ou católicos, nem sempre é o mais correto. Católico, católico é um nome como Maria do Rosário (remete para o culto mariano e para a devoção católica).
Acima de tudo, o que os nomes nos demonstram é que partilhamos mais com as outras religiões do que muitas vezes nos parece e que conhecermos a nossa história, os nossos nomes, a nossa cultura, nos tornará mais compreensivos, mais caridosos no sentido cristão da palavra, de amor ao próximo.
Já agora, Fátima não deixa de ser um nome curioso, mas é como Lurdes. Neste caso, trata-se do local, não da pessoa (o local era Fátima, por coincidência como a filha de Maomé). Sem querer parecer disparatada, se a Virgem tivesse aparecido em Xabregas, haveria muitas Marias de Xabregas por aí.
J. não deixaria de ter piada algumas Maria de Xabregas :P
ResponderEliminarGostei muito da sua explicação, eu consigo identificar os nomes do antigo testamento, mas não consigo diferenciá-los como fez.
Embora não me considere católica, por não acreditar na institucionalização da fé, compreendo que as nossas tradições e cultura não profundamente católicas. Por isso até compreendo a posição do Papa.
Mas acho que este debate poderia ser interessante aqui no blog.
Outra questão até que ponto os nomes de devoção católica ou nomes virtuosos como a Filipa disse podem vir a ser amplamente usados?
Este é um tema muito interessante. Como católica, já reflecti bastante sobre este assunto. Penso que numa sociedade onde a religião tem perdido a importância cada vez menos se atribui significado religioso aos nomes. Concordo com a visão da J. que um nome revela as expectativas dos pais em relação aos filhos, que sonham para eles o melhor.
ResponderEliminarPara alguém pertencente a uma religião, faz todo o sentido utilizar nomes repletos de significado. (É também por isso que adoro o nome David.) No passado já disse aqui no blog que me faz confusão pessoas escolherem nomes religiosos, sem o saberem, só por estar na moda. Admito que fui preconceituosa...por detrás de uma escolha há sempre uma motivação, mesmo que inconsciente, deve ser respeitada.
Os nomes religiosos mas não estritamente católicos (concordo com a explicação da J.) aos quais já ouvi chamarem nomes da tradição judaico-cristã (abrangendo assim diversas religiões) podem perfeitamente ser moda, como Noah, Noa,Moisés, etc.
Nomes estritamente católicos, para além dos referidos com Maria, com os santos, ainda me recordo daqueles que têm a ver com as ordens religiosas, como Clarisse, etc, esses não tenho visto grande expressão, sendo domínio das pessoas muito religiosas ou classe alta (talvez com referências mais tradicionais). No texto refere que alguém da classe alta "revisita" o passado na busca de um nome de "bom gosto". Já alguém da classe baixa procura talvez um nome mais fresco, mais do "futuro". Acho que ambas as motivações são legítimas e perfeitamente compreensíveis.
Por acaso, agora pensando bem tenho uma colega que é adventista (protestante) e o nome dela e dos seus familiares podem incluir-se bem na tradição judaico-cristã. O marido dela é católico e os filhos já têm nomes sem ligação religiosa.
ResponderEliminarEsta minha colega tem uma familiar Débora, sempre encarei este nome como um nome recente, moda dos anos 80, para mim um nome feio. Mas Débora no antigo testamento é uma juiza de Israel.
Neste momento com os comentários da J. e da Dora, os conceitos estão mais claros para mim. Tem toda a lógica, assim podemos diferenciar os nomes judaico-cristãos dos católicos, sendo claro que os nomes judaico-cristãos também, talvez com diferenças que essas já não entendo tão bem, podem ser vistos como nomes católicos.
Confesso que a categoria "nomes associados a qualquer religião" não me influencia minimamente. Não escolheria um nome por esse motivo, nem deixaria de usar um nome por esse mesmo motivo. Lembro-me de dizer que gostava do nome Cohen e alguém estranhar, por estar associado ao judaísmo. A religião não é determinante na minha vida e olho para os nomes a partir de outros parâmetros, mas acho que, para os praticantes, é evidente que o nome associado à religião assume outro peso, até pelo valor do baptismo por oposição ao registo civil.
ResponderEliminarApesar de tudo, creio que serão menos as pessoas que escolhem nomes associados à religião propositada ou conscientemente do que aquelas que o fazem sem sequer imaginar que o estão a fazer...
Eu gosto de Carlota!
ResponderEliminarNomes associados a ricos:
Maria do Carmo
Maria do Rosário
Carlota
Janete
Marina
Úrsula
Clarisse
Nomes associados a pobres:
Tatiana
Alexa
Olávia
Maura
Concordo com a Benedita, mas acho que Diego é nome de ricos.
ResponderEliminarOlá. Vou aqui dar o meu contributo mas não sei se alguém já o referiu. Concordo que haja nomes betinhos ou menos betinhos mas não gosto dessa designação de pobre e rico. Acho que tudo depende dos gostos. Já li noutro post associarem o nome Liliana a bairro social, pois é o meu nome, nunca fui rica mas também nunca morei num bairro social.
ResponderEliminarResolvi comentar por causa do nome Carlota, é um nome que gosto muito pelo seu significado e não tanto por algum dia querer por a uma filha minha.
Pois bem Carlota era o nome de uma das minha bisavós e que era bem pobre por sinal. Não acham que muitos nomes que hoje estão a definir como sendo nomes de ricos já foram associados a classes sociais mais baixas no passado? Não acham que muitos nomes que eram associados a betinhos atualmente estão tão banalizados que é quase impossível todos esses pais serem ricos?
Não tem essa de nome de rico e pobre.
ResponderEliminarMas tem nome que a maioria dos pobres usam! Meu pai morou na favela, então sei bem...
Por exemplo;
Os faveladinhos de lá gostavam de botar nomes nomes diferentes, a maioria se chamava
Rilare
Rayanne
Camilly
Jessica
...
Lá elea gostam de "americanizar" os nomes, todo mundo do além tinha Y, W nos nomes!!
Não que eu ache esses nomes feios tá gente!!! Eu adoro Jéssica.
Ana clara e bome de q??
ResponderEliminarMirela e nome de q
ResponderEliminarNo geral concordo com a sua opinião, mas penso que depende muito do nome em questão. Acho que na actualidade a maioria dos nomes está a tornar-se mais transversal, a nível da classe social. Por exemplo, no meu caso pessoal conheço dois casais de estratos sociais opostos (e inclusive com graus de escolaridade muito diferentes) e ambos têm meninos chamados Tomás. Num caso, ambos são empregados de mesa e têm dois filhos, o dito Tomás e a Laura. No outro, são doutorados e professores universitários. Também conheço outro casal em que ambos ganham o ordenado mínimo e têm um Martim. Depois conheço um casal de médicos que têm uma Madalena, mas também conheço um casal de uma médica e um juiz que têm um João Paulo (um nome que possivelmente ninguém associa a “ricos”).
ResponderEliminarPara além do dinheiro de cada um, também depende da personalidade das pessoas. Se alguém de classe alta gosta do nome “Afonso” e não lhe interessa se está a ter a ser registado em excesso, usa na mesma. Assim os nomes tornam-se transversais. No entanto, acredito que a sobrelotação de certos nomes faça comichão a um grupo de elitistas, pelo que se estão a recuperar outros nomes que, possivelmente, as classes mais baixas não irão usar (pelo menos para já).
Dito isto, há um punhado de nomes que pertencem ao mesmo lote dos que agora são nomes da moda que as classes baixas não irão usar, mas que pelos registos já estão a ser resgatados pelas classes altas. Assim como existem nomes que as classes altas não irão adoptar, pois sabe-se que preferem os nomes mais tradicionais.
Os nomes próprios podem ser transversais, mas gostava de apontar que os segundos nomes e os apelidos familiares fazem toda a diferença. Não se pode analisar a questão apenas pelo nome próprio, na minha opinião. Porque um “Afonso Maria Bettencourt” não é o mesmo que um “Afonso João Pereira”. Tal como os nomes próprios que, por preconceito, consideramos mais “banais”… Por exemplo, um Tiago. Um Tiago Silva não é um Tiago Albuquerque.
EliminarConcordo que existem nomes próprios e conjugações que as classes baixas não irão resgatar no momento (não estou a ver uma pessoa de classe baixa a colocar "Caetana" ou "Maria do Carmo" numa filha, por exemplo). Mas a classe média ou média-alta, sim. Afinal, grande parte da população portuguesa trabalhadora pertence à classe média.
Também acho que as conjugações falam mais alto do que apenas o primeiro nome nesta questão. Uma Constança da Graça não é uma Constança Patrícia! No mesmo lote de "nomes chiques" encontramos combinações demoníacas que não lembram ao menino Jesus. Há o "Afonso Martim" mas também há o "Afonso Nelson"... Há a "Benedita Maria" e há a "Benedita Yasmin"... Não me interessa se é preconceito ou não, há muito patego parolo neste país a arruinar nomes belíssimos munidos de "Leonores Cristinas" e "Vitórias Tatianas"! Desculpem, mas ou são pessoas com gostos muito duvidosos (diga-se: falta dele) ou são pobretanas (sim, crucifiquem-me) que viram estes nomes na novela da noite. Pelo que observo, as pessoas acham que basta ter um primeiro nome "chique" e associado às classes altas para parecer bem e ser elegante mas com estas conjugações só revelam serem uns bimbos da pior espécie (e esses existem em todas as classes sociais).
EliminarSe ofender alguém, paciência.
Achei esse post muito interessante por ser de Portugal. Aqui no Brasil é muito diferente. Alguns nomes comuns em Portugal nao existem no Brasil, ou sao considerados super exóticos. Muitos considerados "de pobre" sao super comuns aqui, e até considerados chiques. Aqui nome de pobre é nome em inglês (é permitido usar esses nomes e variar bastante na grafia). De um modo geral no Brasil as pessoas mais pobres tem sobrenomes muito parecidos, entao colocam nomes estranhos nos filhos para destacá-los. Já quem tem um sobrenome mais marcante coloca um nome mais simples, o que é considerado mais chique. Aqui você entra em uma escola cara e as crianças chamam Maria, Joao, Mateus, Catarina, Ana Clara etc. Se você entrar em uma escola pública em um bairro pobre as crianças chamam Brian, Katherine, Emily, Dérick etc.
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