Converso com frequência com leitoras de outras partes do mundo e por vezes surge a questão de como determinado nome seria aceite em Portugal, caso a família decidisse mudar-se para cá. Eu continuo a achar que os portugueses são muito conversadores no que respeita a nomes próprios mas são-no sobretudo entre pares, ou seja, se um casal de portugueses escolher um nome que fuja do lote de nomes tradicionalmente escolhidos em Portugal, já se sabe que vai ser tema de conversa. Porém, acho que, de maneira geral [e excluo aqui as grafias criativas, seja em português ou noutra língua], encaramos com muita naturalidade os nomes dos cidadãos estrangeiros, precisamente porque damos tanto valor à preservação da nossa própria antroponímia.
E não se pense que não usamos nomes "estrangeiros" por desconhecimento, porque também acho que estamos profundamente familiarizados com nomes anglo-saxónicos, espanhóis, franceses e italianos, quer por via da cultura pop - por exemplo, nós não dobramos filmes ou séries - quer por via do desporto [sobretudo graças ao futebol internacional, no que respeita a nomes masculinos].
É verdade, então, que nós não saímos muito da nossa zona de conforto e os comentários diariamente deixados neste blog ilustram bem isso, mas se estão a escolher um nome para um bebé, ao mesmo tempo que ponderam uma mudança para Portugal, acho que não têm motivos de preocupação.
E desse lado, partilham da minha opinião? Quem vive na capital, estando num meio mais multicultural, pensa da mesma forma?
Vivo em Lisboa, mas independentemente disso, concordo consigo. Faz-me sentido nomes estrangeiros quando os pais (ou pelo menos um) sejam estrangeiros, ou sejam portugueses a viver no estrangeiro, ainda que depois regressem a Portugal. Só acho estranho se forem 2 portugueses em Portugal a optarem por um nome estrangeiro, até porque se a ideia for ter um nome internacional, há vários nomes portugueses que preenchem essa categoria (por exemplo, o nome da minha filha, Olívia, embora tenhamos mantido com o acento).
ResponderEliminarConcordo com a Filipa. Os portugueses não se importam que se usem nomes estrangeiros, se houver "uma razão válida" para o nome ser estrangeiro.
ResponderEliminarOs portugueses não veem problema nos nomes estrangeiros em si. Conheço pessoas estrangeiras a viver em Portugal com nomes estrangeiros e ninguém estranha que os nomes sejam estrangeiros. Geralmente, até sabemos pronunciá-los e escrevê-los.
O que os portugueses não veem com bons olhos é que outros portugueses usem nomes estrangeiros.
Provavelmente é um pouco um complexo de inferioridade. A ideia de que se escolhemos algo estrangeiro é porque o que é português não é bom o suficiente.
Este tema toca-me um pouco uma vez que, embora portuguesa, tenho um gosto particular por nomes estrangeiros, especialmente nomes anglo-saxónicos e japoneses. Por isso mesmo já fui muitas vezes confrontada com as opiniões conservadoras de vários portugueses em relação a nomes estrangeiros, maioritariamente por parte da minha família, que acha que não devo usar nomes estrangeiros para os meus futuros filhos. Não é porque os estranham, conhecem bem os meus nomes favoritos graças a filmes e séries, é mesmo por não serem nomes portugueses.
ResponderEliminarIsto chega a ser um pouco irritante, e eu gostava que tivéssemos mais uma atitude de deixar cada um escolher os nomes de que mais gosta, em vez de "filhos de pais portugueses devem ter nomes portugueses", porque afinal, apesar de ter nomes como Alexandre e Valentim no meu top, nenhum fará os meus olhos brilhar mais do que Audrey.
Achei interessante a hipótese de Íris, de que os portugueses podem confundir esta preferência com um desprezo pelo que é nacional, e como alguém que prefere nomes estrangeiros posso garantir que esse não é o caso. Simplesmente gosto de certos nomes porque gosto deles, e muitos acabam por ser estrangeiros, é só isso.
Considero que isto seja algo que devemos tentar ultrapassar, até porque se formos muito preciosistas quanto à origem dos nomes, rapidamente chegaremos à conclusão de que nenhum nome é verdadeiramente português. E não estou a falar só do facto de que a maioria dos nomes que usamos têm origem latina, grega ou hebraica, mas de exemplos mais recentes: hoje em dia ninguém torceria o nariz a uma Vanessa, uma Jéssica ou um Óscar, mas a verdade é que quando esses nomes começaram a aparecer em crianças portuguesas, muitos pais foram acusados de abandonar o nacional pelo estrangeiro. Até me lembro da música de António Variações a este respeito: "Maria Albertina, porque foste nessa de chamar Vanessa à tua menina?" precisamente porque Vanessa era considerado demasiado estrangeiro.
Mas os tempos, as culturas e as mentalidades mudam e, um dia, eu espero que o nosso país acolha mais a diversidade dos nomes e cada um escolha os nomes que quiser para os filhos. Afinal, não estaríamos a eliminar a nossa cultura, apenas a enriquecê-la.
Bjs
Inês
Concordo plenamente!
EliminarConcordo, por isso sou contra a ideia de "Ah, tem que ser nome portugueses", na minha opinião no final todos os nomes são estrangeiros e é uma decisão única dos pais darem os nomes que desejam aos respectivos filhos. É uma retrocesso cultural não pensar em novas abordagens, é possível sim dar nomes de origens diferentes aos filhos sem perde as raízes nacionais.
EliminarSou brasileira e moro na França há 14 anos. Escolhi para meus filhos, bem antes deles nascerem, nomes bem comuns para o Brasil, Beatriz (nasceu no Brasil, chegou na França aos 6 meses) e Arthur (nasceu na França).
ResponderEliminarO nome de Beatriz, apesar da grafia portuguesa, é pronunciado igual ao Béatrice francês, mas tenho sempre que dizer "Beatriz com Z" ao marcar uma consulta médica, por exemplo. Arthur é o contrário: mesma grafia, porém pronúncia diferente.
Antes de engravidar do segundo bebê, tinha muita preocupação com a pronúncia, tanto é que desisti do nome escolhido para uma eventual segunda filha, Catarina, porque a pronúncia em francês é muito feia (pelo menos aos meus ouvidos). Escolhi Alice por ser exatamente a mesma pronúncia e grafia nas duas línguas. Só não troquei o nome de Arthur porque era (e é) o meu nome preferido de menino desde sempre.
Com a vivência que tenho hoje, prefiro privilegiar um nome internacional, com grafia única em vários países. Até porque nunca sabemos o que o futuro nos reserva. Prefiro nomes que se misturem com outros nomes do país, que não se destaquem muito.
Confesso que um dos parâmetros que pondero sempre é a internacionalidade do nome, a facilidade com que pode ser pronunciado e escrito em diferentes idiomas. Não propriamente nomes internacionais, mas sim de possível reconhecimento internacional. Acho cada vez mais importante, com a globalização (e mesmo a migração) pensar no futuro e nas crianças enquanto cidadãs do mundo e não apenas "de Portugal" ou de outro país.
ResponderEliminar"Por acaso" cá em casa, o pai não é português e vivemos entre Londres e Lisboa. Optámos por nomes de pronúncia e escrita relativamente reconhecíveis nos três idiomas (e possivelmente, até noutros países).