Ana Filipa

em 14/03/11


Hoje debruço-me sobre o meu próprio nome, que adoro! 

A combinação Ana Filipa foi registada 32 vezes em 2013. Coisa pouca, se tivermos em conta que Ana foi o 7.º nome mais usado em meninas em 2013 e que Filipa foi o 43.º;  menos ainda se pensarmos que Filipa foi o 3.º segundo nome mais usado, estando presente em 1238 combinações! Possivelmente, o cenário seria outro na década de 80, quando eu nasci... 

  • O começo
Sempre tive uma relação ambígua com o meu nome completo que, registe-se, tem 5 palavras e 28 letras. Durante a minha infância, nunca me chamavam pelo primeiro nome, tanto que alguns dos meus primos  desconheciam a sua existência. Eu era sempre chamada pelo meu segundo nome - ou melhor, pelo  diminutivo ou  hipocorístico. E a vida corria-me bem. Até que fiz cinco anos.

  • A percepção errada do meu próprio nome
Creio que já o contei aqui: quando entrei para a escola primária, achava que o meu nome era uma invenção dos meus pais, porque na minha turma havia alguns meninos com a versão masculina do nome, mas nenhuma menina. Invenção ou cópia de invenção, porque havia uma senhora na TV que também tinha o mesmo nome. Fosse como fosse, não me agradava particularmente. 
O começo da escola primária também correspondeu ao momento em que comecei a ser associada ao meu último nome - e se eu não gostava do meu nome próprio, não haveria quem me fizesse gostar do meu apelido  e foi nessa altura que desenvolvi uma espécie de rejeição às minhas 28 letrinhas. 
Eu só queria ser Joana, Tânia, Liliana ou Mariana, um desses nomes que eu sabia que eram de menina - havia tantas à minha volta! E queria um apelido simples, curto, que eu não fosse obrigada a soletrar três vezes por dia, porque ninguém o sabia escrever. Claro que não partilhava com ninguém estas inquietações - já então eu sabia que gostar de nomes/fixar nomes/analisar nomes não era uma coisa muito valorizada.

  • Eu e as outras
Quando passei para o quinto ano, mudei de escola e foi nessa altura que tudo se alterou. Em cada turma havia pelo menos uma menina com o nome igual ao meu. Não igual, igual, o primeiro nome costumava ser diferente, mas afinal eu não andava sozinha pelo mundo. Nem eu, nem a tal senhora da TV, nem uma rainha que entretanto eu descobrira e que já era a minha rainha preferida de todos os tempos. 
Este sentimento de pertença deve ter durado uns belos dois dias. Porque logo de seguida, desenvolvi um feroz sentimento de posse. Se antes eu era a única com aquele nome, depois eu era apenas uma entre muitas. E isso implicava ser chamada por nome+apelido. Aterrorizante.

  • A valorização do primeiro nome
Já no secundário, foi a vez do meu primeiro nome ganhar destaque. Não só um, mas dois professores preferiam chamar-me pelas três letrinhas apenas. E pela primeira vez na vida, até fazia sentido, mesmo quando tinham de chamar três ou quatro vezes até que eu percebesse que estavam a falar comigo. 
Tal como fez sentido que, anos mais tarde, durante o meu estágio profissional, todos me chamassem Ana.

  • A versão pindérica do diminutivo do meu nome, que acabou por pegar
Na universidade, o meu segundo nome foi transformado pelas minhas amigas num hipocorístico copiado das revistas cor-de-rosa, que pouco me agradava mas que servia para me diferenciar de outra grande amiga com o mesmo nome. E uma distracção deu origem a uma nova versão do meu apelido e desde então, respondo orgulhosamente às minhas amigas com um nome totalmente diferente do meu nome verdadeiro.


Hoje em dia, adoro o meu nome. O significado faz-me sorrir (a que gosta de cavalos), a percepção que dele existe nos outros países deixa-me um pouco desanimada, mas eu não o trocaria por nada. E é muito raro recomendá-lo, porque gosto dele só para mim. 
O meu nome é Ana Filipa. 

21 comentários:

  1. Olá!

    Acompanho o blog há relativamente pouco tempo e adoro-o pq aborda uma temática que gosto bastante :)

    Tal como tu, o meu primeiro nome é Ana.No entanto,a família sempre me tratou por Ana. Na escola como fiz sempre parte de turmas em que havia "Anas" tratavam pelos dois nomes. Até que por volta do 6ºano decidi que queria que toda a gente me tratasse pelo segundo nome. Fartei-me de ter o mesmo nome de um terço das raparigas da sala/escola. Como na minha faixa etária não há muitas - o meu segundo nome é Carolina - a adesão foi boa e há pessoas que desconhecem que sou Ana. Acho que a combinação fica muito gira :)

    Beijinhos

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  2. Olá :)

    Eu sinto o mesmo que tu em relação ao meu nome. Também gosto dele só para mim. Por enquanto não conheço muita gente chamada Francisca mas parece me que o numero de pessoas com este nome está a aumentar infelizmente ;)
    O meu primeiro nome também é Ana e como não estou habituada a me tratarem como tal quando algum professor no inico do ano me chama assim demoro um pouco a raciocinar xD

    O blog está muito engraçado e gosto muito do tema :)

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  3. Obrigada às minhas duas homónimas pelos comentários e que bom é ver o número de pessoas que, de dia para dia, confessam gostar da temática dos nomes. Acho que daqui a uns anos teremos gente suficiente para um jantar convívio ;D

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  4. Ana Filipa? Acho bem incomum... Foi uma surpresa. Em um post,voce dizia que na sua escola tinha bastante Joana... Pensei que voce fosse uma delas. Qual é o apelido de Ana Filipa? (Lipa,talvez?)

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  5. Isabela do Brasil (de novo!)15 de março de 2011 às 00:18

    Ops! Foi mal! é que eu começei a ler,fiquei curiosa e parti logo pro final.Mais agora vou ler o artigo inteiro!

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  6. Isabela, quando a actriz Cláudia Abreu escolheu "Felipa" para a filha, os meus queridos brasileiros partiram-me o coração. Nos fóruns, toda a gente odiava o nome, diziam que era um nome de homem... :( Os diminutivos mais comuns são Lipa e Pipa e ainda Lipinha, Pipinha... Conheço também quem use Pi e Lili (embora durante anos eu pensasse que a pessoa se chamava Liliana).

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  7. Ah,sei... Eu acho Felipa (com e) bonitinho. Acho o diminutivo Lipa lindo! Ainda sobre os diminutivos,tem uma revistinha em quadrinhos aqui no Brasil,da personagem Tina,em que o paelido da melhor amiga dela é Pipa (minha mana menor tem umas)

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  8. É engraçado que há nomes que já se usam há algumas gerações em Portugal, como Filipa, Beatriz, Leonor, Isabel, Amélia!!!, Claudia, Matilde, Sílvia, etc. que são MUITO fashion na Inglaterra e EUA! Eu gosto muito de Filipa, acho que cá é um clássico que não pertence a nenhuma classe social, nem idade específica. Já na inglaterra é mais posh :)
    Uma curiosidade: rima com Filipa, e vi-o no JN ontem. O nome é Tulipa! Achei bonito :)

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  9. Tulipa é uma alternativa bastante ousada a Filipa :D
    Quando decidi publicar o meu nome não foi para receber elogios - mas havia quem me tratasse no blog e via mail por "nomes portugueses" e achei que eu estava a ser tonta :S

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  10. Acho que tem mais sorte do que eu, gosto mais de Ana Filipa, do que de Ana Célia...felizmente agora só me chamam Ana...:)

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  11. Olá!

    Eu também sou Ana Filipa!!

    E por coincidência a minha relação com o meu nome também é muito parecida com a tua. Já desgostei, e hoje em dia até gosto muito. Acho que a combinação das duas palavras torna o nosso nome bonito, simples, harmonioso. Mas detesto as composições que fazem com Filipa: Joana, Sara, por exemplo... enfim são gostos! Gosto principalmente do meu nome completo, que é composto por 5 palavras (outra semelhança contigo).

    Em casa e na escola até aos meus 13 anos(+/-) sempre me trataram por Filipa. Foi com a entrada no secundário que tomei consciência que também era Ana, e depois na faculdade, e agora no trabalho muita gente me trata por Ana. Mas para a família e amigos serei sempre Filipa!

    Já agora nunca te chamaram Filipina, devido às bolachas??

    Fiquei curiosa com o "hipocorístico copiado das revistas cor-de-rosa" que qual é?

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  12. Cara homónima, quando os Filipinos apareceram, era brincadeira na certa, mas nada de muito grave :D
    E o hipocorístico é Pimpinha ;)

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  13. ola, adorei encontrar este blog.
    adoro estas coisas dos nomes.

    quanto a este post tenho a dizer que anro cheia de problemas com o meu nome por ter esse nome horrivel das 3 letrinhas como primeiro nome (quando digo horrivel é so pelo que tenho sofrido).
    chamo-me ana margarida, claro que tambem so descobri o meu verdadeiro nome na primaria, sempre fui guida ou guidinha (hoje dispenso).
    nunca tive grandes problemas em ser Margarida ate chegar ao mercado de trabalho... as empresas tem aquela estupida regra de ter de ser sempre o primeiro e ultimo nome...
    ora o problema põe-se... eu nao me identifico com o nome ana, bem que pode estar meio mundo a querer chamar-me, se for ana eu nao respondo... isto esta grave ao ponto de querer ir tirar o ana do nome.

    Ana Margarida é tão bonito :-(

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    1. Eu gosto tanto de Ana Margarida!! :) Não há forma de os convencer de que, para si, o seu nome é apenas Margarida?!!! Trata-se de uma questão de identidade, não é algo tão irrelevante quanto isso, creio eu!

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  14. Nossa, descobri hoje seu blog e estou encantada com seus posts. Sou brasileira e aqui realmente as pessoas rejeitam o nome Filipa. Eu e meu marido por coincidência achamos lindo e está na lista em primeiro lugar como preferência para o nome de nosso próximo filho se for menina.
    O mais interessante para mim, é justamente não ser um nome comum por aqui. Nas duas vezes que engravidei, quando escolhemos os nomes, não achávamos que seriam comuns, e descobrimos depois termos escolhidos nas duas vezes os nomes da moda! afff... Gabriel hoje com 10 anos e Arthur com 1 anos e 5 meses.
    Eu também tenho uma relação particular com meu nome, desde criança. Com 4 anos bati numa coleguinha nova no colégio, pois se atrevia se chamar Ana Paula como eu! rsrsrs. Bom saber que alguém tem ciúmes do nome Filipa! isso é um bom sinal! lamento dizer que vc está sendo quase que decisiva na minha escolha por tudo que já li! bjus e parabéns pelo blog. Ass: Ana Paula

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  15. Ana Paula, obrigada pelos comentários simpáticos! :)
    Tenho mesmo muita pena que o meu nome seja tão impopular entre os brasileiros mas saiba apenas que por cá é um nome muito "normal" :)

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  16. Gosto apenas da grafia Filipe, e só consigo aceitar a forma masculina. Mas é por falta de uso, aqui só os famosos usam a forma feminina e ainda com a grafia que detesto (Felipa). No Brasil, dizer que acha 'bonitinho' equivale a dizer que acha feio, com a intenção de não deixar a pessoa chateada.

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  17. Bem... Como Ana Filipa que sou ( e com muito orgulho, pois adoro o meu nome!) tenho que deixar aqui um comentário.
    Desde sempre que fui tratada por Filipa. A única pessoa que me trata por Ana é a minha mãe. O meu pai trata-me por Ana Filipa.
    No secundário não sei porquê, começaram-me a tratar pelo apelido (coisa do passado).
    Á cerca dos diminuitivos ou é Pipas ou Pipinha ou Filipinha...
    A única vez que eu não gosto de ouvir "OH ANA FILIPA!!!" é quando a mãe ralha comigo hehehe
    Só um aparte: o meu pai chama-se Luis Filipe e o meu irmão Filipe Miguel ;) Logo somos a dinastia Filipina. ***

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  18. Não sabia que existia a forma feminina de Filipe, até assistir ao filme A Festa de Babette, no qual tem uma personagem Filipa (filme preferido do Papa). Assim acontece com vários outros nomes. Comprei um livro que foi citado por alguém nos comentários deste blog, "O Livro dos Nomes", de Regina Obata, no qual constam formas relativas ao feminino e masculino, dentre as quais não informa o feminino de Filipe. Em relação ao nome Regina, "rainha", a autora informa que é o feminino de Rex, "rei", de origem latina. Não faz referência ao nome Regino, até porque é usado de forma indiscriminada, diga-se de passagem, pelas razões expostas (no Brasil já houve até personagem de novela com o nome Regino).

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Num blog sobre nomes, vai mesmo optar por ser apenas Anónimo? :)