Hoje de manhã, a apresentadora de televisão Júlia Pinheiro conversou um bocadinho com a Conservadora do Registo Civil de Lisboa, Ana Leandro, a propósito dos nomes próprios usados em Portugal.
Foram abordadas principalmente "questões geracionais" que fazem com que haja uma mudança nos nomes registados. A Conservadora apontou dois momentos-chave: há cinquenta anos, usavam-se nomes cristãos, bíblicos, que retratavam o enraizamento das práticas cristãs na sociedade, e muitos desses nomes eram escolhidos pelas madrinhas. Há trinta anos, surgiram em Portugal as novelas brasileiras, que despertaram os portugueses para os nomes que hoje em dia chamamos de "nomes dos anos 80".
Mais à frente na conversa, a Conservadora referiu que hoje em dia os pais procuram nomes clássicos, distintos, "para ultrapassar a fase em que todos eram aceites", nomes que por si só têm muito peso, em parte pela sua influência histórica.
A Conservadora aproveitou também para pôr os pontos nos is: antigamente, Maria era muito usado como nome composto e Maria, só, era "nome de criada" que "retratava uma classe social". Hoje em dia, continua ela, afastamo-nos desse cenário porque as criadas são ucranianas e brasileiras e portanto Maria passou a ser visto como nome bonito e distinto.
Ficamos ainda a saber que a Júlia Pinheiro não gosta nada do seu nome. Gostaria de saber se ela também não gosta de Eduarda que, segundo parece, é o seu segundo nome. Júlia, se está a ler, tem um nome muito bonito, deixe-se de coisas! A apresentadora referiu ainda que, no caso dela, optou por utilizar Maria nos três filhos: Rui Maria, Carolina Maria e Matilde Maria, confessando que "os nomes compostos têm uma carga de autoridade terrível". Grande Júlia.
Durante o programa, foram ainda apresentadas duas famílias com nomes "geracionais": no primeiro caso, a avó Maria Odete, que não gosta do seu nome, a filha Ana Leonor, e as netas Madalena, Maria e Mafalda. No segundo, a avó Maria Luísa, a filha Susana Isabel (os irmãos chama-se Nuno Pedro e Luís Filipe) e o neto Tomás. Dois ótimos exemplos que retratam na perfeição a evolução dos nomes.
Para terminar, refira-se que a Conservadora explicou que qualquer pessoa pode mudar de nome, desde que o pedido seja bem fundamentado. Basta dirigir-se à Secção Onomástica do Registo Civil, pagar 200 euros, e explicar que a pessoa "não se identifica com o nome escolhido quando não tinha voto na matéria", argumentado, caso seja se for o caso, que o nome lhe causa embaraço e é bem provável que o pedido seja deferido.
Alguém viu?